Domingo chuvoso em pleno agosto.
Tempo tão incerto como todos os átomos do meu corpo.
Acho que já não me lembrava do poder que as palavras têm
principalmente quando são há tanto esperadas
há tanto desesperadas
por aquele que parecia que nunca as diria.
E foram precisas essas palavras
Quando outras, escritas
entre outras pelo vento
levadas
Não chegaram
Para provar que não era tudo pretérito perfeito
de um esquecimento da alma
Mas sim refúgio adormecido
De um rosto quebrado
De um sentimento proibido
por essas mesmas palavras.
Até que algo as trouxe
O vento, a sorte, a madrugada
E na alma pensada esquecida,
um sufoco instalou-se:
começou, voltou,
o sentir, outra vez, relembrar
aaaarrr assombrada outra vez
por este sufoco que é sentir!
Respirar.
Passou.
O vento, o sentimento
As palavras
Assim como respostas perdidas
no tempo e no espaço
E só ficou espaço para algo novo
Que o sentir e só sentir, sem pensar,
sem lógica ou compromisso,
Só o pensar.
E saber que no fim foi experiência ganha
de um pobre coração ingénuo
que ama demasiadamente
e não quer sequer amar.
Saber que no fim é um só,
sem metades.
Um só, livre
para voar
para respirar
e talvez,
amar.
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